quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Até quando dura o sempre?


Conversando a altas horas com aquela que diz gostar dos meus textos, lancei a ela o meu próprio desafio: escrever sobre qualquer assunto que ela quisesse ler em meus versos. Eu, pensando que viria um tema fácil, tive um ledo engano. Para Sempre, essa foi a proposta escolhida por essa moça. Surpreso e com o gozo de tentar me superar cada vez mais no universo das letras, aceitei instantaneamente. Assumo que não sei falar do para sempre, mas buscarei no viés dos meus pensamentos e sentimentos externar sobre.
É difícil se falar e acreditar no para sempre, tendo a completa certeza de que somos findos. Nossa natureza carnal é finita, memoremos a morte. Há quem diga que até depois dela se ama, gosta, vive uma aventura transcendental. Bom, quanto a isso eu não sei, pois obviamente nunca morri e também não faço a menor idéia de como esses pseudo-discursores afirmam tamanha tolice. Entretanto, tendo uma visão complexa e racional, o para sempre pode ser visto não de maneira eterna, mas de modo sincero de expressão de ideologias, afinidades, amizades, amores e sentimentos outros. Parafraseando Vinicius de Morais, que seja Para Sempre enquanto dure. Daí, o “quanto dure” é muito relativo. Não depende apenas de um ou dois fatores, são aglomerados de situações que definirá a durabilidade do Sempre. Quando cito “de modo sincero”, é para não dar vazão àquelas pessoas que se aproveitam de palavras para conseguir/conquistar certos objetivos. Esses são ludibriadores, capazes de mexer com os sentimentos, virar as costas e dar adeus.
Tornamo-nos, pois, reféns do imediatismo, do achismo. Queremos cada vez mais viver o hoje já pensando no amanhã, no depois de amanhã, no para sempre. Apegamo-nos às pessoas, aos objetos, aos sentimentos de maneira que esquecemos nossa natureza humana e assumimos metafisicamente a nossa natureza sentimental, que nos faz passear pelas veredas do universo enquanto vivos. Queremos hoje, queremos agora, já e esquecemo-nos de enxergar valores, defeitos, birras. Achamos estar tudo bem, fechamos os nossos olhos para não querer enxergar nada. Pois assim é mais fácil, foi desse modo que nos ensinaram. Apenas esqueceram-se de falar que esse foi o ensinamento do sofrer. Fixamo-nos muitas vezes a certas pessoas e, por vezes, esquecemos que elas são simples pessoas, ou que não é Aquela pessoa que tanto imaginou. Então, sem dúvida, o para sempre virará o até logo. Devemos aprender a viver não o para sempre eterno, como já afirmara, mas viver o para sempre do hoje. No dia, 24 horas é a meta do teu sempre, deixe que no outro dia seja a nova meta e assim sucessivamente. Logo, a cada dia terás vivido um para sempre e quando menos esperar, esse para sempre pode levar muito tempo. Não o sempre do corpo, porque acaba, mas o sempre na memória de todos os que vêem e ficam eternizados com o sentimento e a aproximação construídos aos poucos, solidificando cada degrau da base, tornando-a forte e resistente a tudo. Aproveite o momento atual, como diria Scarlet: “o amanhã é outro dia” - o amanhã é para os acontecimentos e as preocupações do amanhã, viva o agora -. Há também, segundo a bíblia, o dizer de Jesus: “Deixe que os mortos enterrem seus mortos” - o que é passado, deixa no passado. Viva o agora -.
Liberte-se do ontem e do amanhã, viva vertiginosamente o dia de hoje. Não sabemos quando é o nosso fim material, muito menos o do outro. Se não aproveitar Este momento, amanhã poderá ser tarde demais, quem sabe até impossível. Quando passado o imediatismo, e enxergar o concretismo no outro – quando digo concretismo, é de ter conhecido as reais características dele – se ainda assim este te despertar um belo sentimento, uma boa sensação de prazer e satisfação, Esse sim será o para sempre. Sabe por quê? Porque mesmo que tudo um dia venha a acabar, por motivos outros que não a morte, sempre deixará ótimas marcas em você. Sempre te deixará lembranças maravilhosas, sempre deixará desejos. E por mais que surja outro, sempre o para sempre será lembrado. Busque, agarre aquilo/aquele que lhe faz bem, pois também estarás bem.
Se o para sempre é mesmo para sempre, referindo ao sentimentalismo, eu ainda também não vivi para saber, mas tenho toda vontade de entender e aprender sobre o amar para sempre, sobre o até sempre.


Erlei Morbeck
2009-09-03

Um comentário:

Géssica disse...

Adorei esse texto... Parabéns!