
Aprisionar-me às palavras, apenas isso que me resta.
Não poder me expressar, leva-me aos tempos de ditadura em que a liberdade de expressão fora suprimida do povo.
E fico aqui, sufocado e mergulhado em versos que não dizem nada sobre o meu sentir.
Queria poder não te falar nada, ou melhor, dizer tudo.
Mas nem sei aonde ando, nem qual caminho eu percorro.
Nesta nuvem embaçada – visão de neblina – ainda não consegui me encontrar. E se já me encontrei, estou louco!
Você está tão distante e ao mesmo tempo tão perto, não consigo enxergar ao certo, será realmente você que eu vejo?
Enquanto essa doença que corrói por dentro, buscando uma explicação ou uma cura não é tratada, deixo-a presa apenas ao meu reduto, para que não seja contagiosa.
Não posso negar que cada dia é melhor que o outro, desde que, no outro tu também estejas presente.
Serei mesmo eu: o ser insensível que não consegui enxergar o próprio eu? Ou a insensibilidade é a essência de conturbados pensamentos confusos e conflituosos?
De tudo enfim, nada não pode ser. Confesso perceber que algo já exista, só não irei afirmar o que. Pois a ilusão parece ter ganhado coerência e o sonhador ficou preso aos seus sonhos e versos... Preso, sem expressão, sem liberdade, calado... Quanta calamidade.
Erlei Morbeck
11 de junho de 2009